No conto A auto-estrada do sul, Cortázar descreve um congestionamento na estrada que liga Fontainebleau a Paris, e os sentimentos contraditórios de “enclausuramento em plena selva de máquinas concebidas para correr”.
Iniciado como uma marcha lenta, como se um acidente tivesse acontecido adiante, logo os carros ficam completamente parados. Passam-se as horas, depois os dias, e os meses, e os motoristas nunca ficam sabendo exatamente a causa do congestionamento.
Aos poucos, os motoristas cujos carros estão mais próximos começam a estabelecer relações entre si. Uma senhora morre; um casal se forma e decidem ir viver juntos no automóvel de um deles; os adultos se revezam para cuidar uns das crianças dos outros; organizam-se para conseguir comida e água com os motoristas mais distantes.
Nunca ficamos sabendo os nomes dos motoristas, eles são denominados pelo nome de seus automóveis.
Aos poucos, os motoristas cujos carros estão mais próximos começam a estabelecer relações entre si. Uma senhora morre; um casal se forma e decidem ir viver juntos no automóvel de um deles; os adultos se revezam para cuidar uns das crianças dos outros; organizam-se para conseguir comida e água com os motoristas mais distantes.
Nunca ficamos sabendo os nomes dos motoristas, eles são denominados pelo nome de seus automóveis.
Um dia qualquer, depois do verão, da primavera, da neve, os carros à frente começam a se mover. Todos entram em seus autos, a coluna põe-se “de novo em marcha, lentamente durante alguns minutos, e logo após como se a auto-estrada estivesse definitivamente livre”, umas pistas mais rápidas que as outras, os carros se distanciando uns dos outros em alta velocidade, “sem que já se soubesse bem para que tanta pressa, por que essa correria na noite entre automóveis desconhecidos onde ninguém sabia nada sobre os outros, onde todos olhavam fixamente para frente, exclusivamente para a frente”.
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