segunda-feira, 29 de junho de 2009

Breves diálogos II

Na sala de embarque do aeroporto de Fortaleza, o rapaz do raio-x pergunta ao meu querido Inácio Carvalho: carrega algo cortante?
- Sim
- O que?
- Idéias!!!

Hora do almoço, minha mãe chama minha sobrinha:
- Camila, quer ovo frito? Como você gosta?
- Ahhh vovó, eu gosto dele redondo com aquela bola amarela no meio.

domingo, 28 de junho de 2009

Brincar de pensar


Clarice Lispector (in A Descoberta do mundo)
Desenho de Henri Matisse

A arte de pensar sem riscos. Não fossem os caminhos de emoção a que leva o pensamento, pensar já teria sido catalogado como um dos modos de se divertir. Não se convidam amigos para o jogo por causa da cerimônia que se tem em pensar. O melhor modo é convidar apenas para uma visita, e, como quem não quer nada, pensa-se junto, no disfarçado das palavras.
Isso, enquanto jogo leve. Pois para pensar fundo - que é o grau máximo do hobby - é preciso estar sozinho. Porque entregar-se a pensar é uma grande emoção, e só se tem coragem de pensar na frente de outrem quando a confiança é grande a ponto de não haver constrangimento em usar, se necessário, a palavra outrem. Além do mais exige-se muito de quem nos assiste pensar: que tenha um coração grande, amor, carinho, e a experiência de também se ter dado ao pensar. Exige-se tanto de quem ouve as palavras e os silêncios - como se exigiria para sentir. Não, não é verdade. Para sentir exige-se mais.
[...]

sexta-feira, 19 de junho de 2009

Aqueles olhos verdes

Paulina Rabinovitz, aos 25 anos

Hoje vovó faz aniversário, hoje vovó faz 91 anos. Ela diz que não acredita, que não pode ser!!! Mas como??? Imagiiina!!!
Vovó Paula com sua saúde de ferro anda sendo trapaceada pela memória, ou... tá driblando a gente com sua esperteza, com seus teatros, vai saber... O fato é que ficou muito feliz com nossa visita e com os presentes que ganhou.
Eu e minha irmã Renata estávamos lembrando como sempre foi gostoso estar na casa da vovó. Acho que fomos as netas mais paparicadas e queridas do mundo. Ahhh os lanchinhos da vovó, as comidas da vovó (cozinheira de mão cheia), os mimos da vovó, o aconchego da casa da vovó... Mas essa senhora, a D. Paulina, não se enganem, nunca foi fácil não. Histórias para contar não faltam, mas uma coisa eu digo, minha avó foi uma mulher muito bonita, de forte personalidade e de muita opinião, hoje é uma charmosa e simpática velhinha, de forte personalidade e de muita opinião.
Quando o João nasceu, seu primeiro bisneto, minha avó fazia coisas que nem sempre me agradavam, e quando começavamos a discutir ela me dizia:
- Fiiiilha, se avó é mãe com açúcar, bisavó é o que? Bisavó é mãe com mel, chocolate, balas...
Vó, vc é mesmo um doce!!!
Beijos, parabéns e muitos anos de vida.

Obs: Pensei em colocar aqui uma foto atual, mas fiquei pensando que ela dirá: pra que isso, filha...a vovó tá velha!

domingo, 14 de junho de 2009

De onde menos se espera...

Um amigo jornalista é o autor da máxima: De onde menos se espera é de onde não vem nada mesmo! e muito discutimos por causa disso, otisma e crédula que sou, mas devo admitir que muitas vezes os fatos tem mostrado que ela não é de todo descabida.

Quando a polícia é compreendida
CLÓVIS ROSSI
O que mais me impressiona nos episódios da USP não é tanto a ação policial, embora condenável. Não me impressiona pela quantidade de vezes que vi episódios semelhantes - e sofri na pele a violência, embora nada tivesse a ver com o peixe. Estava apenas cobrindo manifestações públicas, no Brasil, na Argentina, no Chile, em Seatle (EUA), na América Central etc.
O que me impressiona é o fato de que pessoas da melhor qualidade, como o professor Dalmo Dallari, aceitem o recurso à polícia para resolver uma pendência interna da universidade. Não estou nem discutindo os argumentos que Dallari apresentou em sua entrevista de ontem à Folha. O fato é que sou de um tempo em que, em qualquer confronto polícia x estudantes, os Dallaris do mundo estariam do lado dos estudantes.
Impressiona também o fato de alunos condenarem seus colegas e aceitarem a ação policial, como ficou claro em duas cartas publicadas, em dias sucessivos, no "Painel do Leitor". Sou do tempo em que estudantes eram rebeldes, com ou sem causa, e portanto mereciam o apoio integral de seus colegas - ainda que cego, às vezes.
Até entendo que a rebeldia de hoje se dê em torno de questões mais pobres (ou estou sendo apenas saudosista? O que a idade permite, mas o bom senso desaconselha).
O fato é que sempre me encantou um dos slogans-símbolo de 1968, aquele que dizia "seja razoável, peça o impossível". Hoje, o impossível nem passa perto da pauta.
O empobrecimento da agenda talvez explique a desunião no meio estudantil. Até acredito que "entre os 2.000 estudantes que se manifestaram nesta semana estão alguns de nossos melhores alunos", como escreveu ontem Vladimir Safatle, professor da filosofia.
São poucos, não? E ainda resta saber onde estavam os outros melhores alunos.

sexta-feira, 12 de junho de 2009

O Beijo por...

Constantin Brancusi

Pablo Picasso

Gustave Klimt

Edvard Munch
Roy Lichtenstein

Henri Cartier-Bresson

Toulouse Lautrec

Vsevolod Maksymovych

Francesco Hayez

Robert DoisneauAuguste Rodin

quarta-feira, 10 de junho de 2009

No pé da montanha...



Adoro essa placa! Ela é sensacional, não é? Fiz esse registro em janeiro, por favor, quem souber quais são os quatro primeiros melhores climas do muuuundo me avise, mas só serve se tiver a comprovação.

Paraiba do Sul é uma cidade histórica que fica no estado do Rio, além de ter um belo conjunto arquitetônico bastante preservado, ter um museu da Inconfidência com restos mortais de Tiradentes, fica muito perto de Andrade Costa, um lugar muito especial da família Val, o sitio Carlos Val... mas essa história fica para outra ocasião.

terça-feira, 9 de junho de 2009

Trocando mais um pouco

Alagados, Frankstein, Favela da Maré...
Alagados, Trenchtown, Favela da Maré...
(Alagados, Paralamas do Sucesso)

Ô Giselaaa
A luz de velas...

Lá no arauto da paixão...
No mar alto da paixão...
(Oceano, Djavan)

Mas é vc que é mal passada e que não vê...
Mas é vc que ama o passado e que não vê
...
Está em casa, guardado com Deus, cortando fio dental...
Está em casa, guardado com Deus, contando vil metal
(Como nossos pais, Belchior)


Qualquer outro lugar comum, outro lugar qualquer,
Batoré, Batoré...
Qualquer outro lugar comum, outro lugar qualquer,
Guaporé, Guaporé
(Vamos fugir, Gil)

Foda-se toda fadinha, no farol das 22 fadas fadinhas nuinhas
Pousa-se toda Maria, no varal das 22 fadas nuas lourinhas
(Maria de verdade, Marisa Monte)

quinta-feira, 4 de junho de 2009

Trocando B. B. King sem parar

Quem não conhece a famosa versão de Noite do prazer do Cláudio Zoli, ...na madrugada vitrola rolando um blues, trocando de biquini sem parar, no lugar de tocando B.B. King sem parar?
Existem várias músicas que são cantadas com letras diferentes, dependendo exclusivamente do ouvido e do repertório de cada ouvinte.
Ontem, conversando com uma amiga sobre lavagem de dinheiro, laranjas e outras atividades do gênero ela lembrou de um famoso mafioso, o El Kabongue.
- Quem? Não conheço...
- Aquele... tem até uma música: Ei El Kabongue, vê se te orienta...
Ai Al Capone... assim dessa maneira, nêgo, nem Chicago nem o México te aguentam!!!

E aí a gente começa a lembrar...
Ano novo, 81 para 82, só dava Alceu Valença. Pois o conjuntinho que tocava lá na Serra da Meruóca, no Ceará, não deixou por menos e entregou a sua Morena Tropicana: pele macia ai carne de caju, saliva doce, doce mel, mel de urubu (no lugar de uruçu)
Tem uma música d’O Rappa que eu ouvia e achava a rima péssima além de muito agressiva:
A minha arma tá armada e apontada para a cara do sujeito - quando apenas era a minha alma tá armada e apontada para a cara do sossego!
Uma outra amiga adorava uma música do Zé Geraldo: ...isso tudo acontecendo e eu aqui na praça dando milhos aos porcos (deveria ser aos pombos, mas vai saber em que praça ela andava).
Minha mãe um dia cantando uma música de dor de cotovelo que dizia: enfiou uma faca em meu peito, tascou um verso que não cabia na melodia ...enfiou uma faca em meu pescooooço!
E o Bob Dylan já foi chegado numa formiga em busca de respostas ... the ants are my friend is blowing the wind...
Sem contar as que já viraram clássicas como as do Djavan e Belchior, que são os campeões dos Virunduns, como são chamadas essas situações. Isso se deve ao nosso hino Ouviram do Ipiranga as margens plácidas... O virundum Ipiranga...

terça-feira, 2 de junho de 2009

Foi por medo de avião

Infelizmente não há como não acompanhar o noticiário sobre acidente com avião que decolou do Rio de Janeiro com destino a Paris e que desapareceu no meio do Atlântico.
Surgem depoimentos de todos os tipos à medida que os nomes dos passageiros vão sendo confirmados, os ocupantes passam a ter rosto, a ter história...
Um caso em particular chamou minha atenção, o da família sueca que, por precaução, sempre viajava separada (a mulher estava no vôo da Air France com o filho e o marido em outro vôo com a filha). Esse casal foi vítima de uma fatalidade, mas diferente dos demais passageiros eles sempre levaram em conta esse tipo de risco.
Me pergunto como se sobrevive a isso, como esse marido vai viver, como essa criança vai crescer... “E se tivessemos feito a escolha inversa? E se tivessemos embarcado no meu vôo? Porque ela e não eu? Porque meu irmão? Porque minha mãe?...”
Não sei o que pensar, é tudo muito triste.