segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

Em 2011...

Só no sapatinho

Cantando no toró
Chico Buarque
Sambando na lama de sapato branco, glorioso
Um grande artista tem que dar o tom
Quase rodando, caindo de boca
A voz é rouca mas o mote é bom
Sambando na lama e causando frisson
Mas olha só
Um samba de cócoras em terra de sapo
Sapateando no toró
Cantando e sambando na lama de sapato branco; glorioso
Um grande artista tem que dar lição
Quase rodando, caindo de boca
Mas com um pouco de imaginação
Sambando na lama sem tocar o chão
[...]

Lacinhos cor de rosa
Celly Campello
Um sapatinho eu vou
Um laço cor de rosa enfeitar
E perto dele eu vou
Andar devagarinho e o broto conquistar
Quando ele dança rock é uma sensacão
Faz rápido dançar o meu coração
Seu beijo deve ter a delícia do amor
E ele não me beija que horror
Um sapatinho eu vou
Um laço cor de rosa enfeitar
E perto dele eu vou
Andar devagarinho e o broto conquistar
Um dia resolvi,e ao broto fui falar
O que ele me disse deu vontade de chorar:
“Lacinhos cor de rosa ficam bem só na cabeça
Se quiser me conquistar você cresça e apareça”
Um sapatinho eu vou
Um laço cor de rosa enfeitar
E perto dele eu vou
Andar devagarinho e o broto conquistar

Me diga
Nando Reis
Se eu acordo preocupado com as
Providências como uma conta no banco
Que eu não tenho dinheiro pra pagar
Isso me aflige e atrapalha
Faz com que eu não me de conta
De outras coisas
Que eu deveria cuidar
Então me diga
Se você ainda gosta de mim
Porque de você eu gosto
Isso não deve ser assim
Tão ruim
Dos meus filhos eu sinto saudade
Eu tenho medo que eles achem que
Eu não sinto a falta deles
Como eu acho que eles sentem de mim
Pego o meu carro pelo asfalto
Uso um sapato da mesma maneira
Por influência do meu pai
Então me diga
Se você ainda gosta de mim
Porque de você eu gosto
Isso não deve ser assim
Tão ruim
Há quanto tempo eu conheço você
Oh, quanto tempo eu ainda vou precisar
E eu dependo do que eu não entendo
Eu pretendo apenas
Que você saiba que isso é meu amor

Sapato velho

Roupa Nova • Mu • Claudio Nucci • Paulinho Tapajós
Você lembra, lembra!
Daquele tempo
Eu tinha estrelas nos olhos
Um jeito de herói
Era mais forte e veloz
Que qualquer mocinho
De cowboy...
Você lembra, lembra!
Eu costumava andar
Bem mais de mil léguas
Prá poder buscar
Flores-de-maio azuis
E os seus cabelos enfeitar...
Água da fonte
Cansei de beber
Prá não envelhecer
Como quisesse
Roubar da manhã
Um lindo pôr-de-sol
Hoje não colho mais
[...]
É! Talvez eu seja
Simplesmente
Como um sapato velho
Mas ainda sirvo
Se você quiser
Basta você me calçar
Que eu aqueço o frio
Dos seus pés...
Talvez eu seja
Simplesmente
Como um sapato velho
Mas ainda sirvo
Se você quiser
Basta você me calçar
Que eu aqueço o frio
Dos seus pés...

Desatando nó
Juraildes da Cruz
Nasceu com a mãe na zona
E o pai no xilindró
Aquele menino viveu desatando nó
Quando ele nasceu
Não disseram que era assim
A lei do mais esperto
Cada um pra si
E ter que dar seu voto
A quem não sabe dividir
Trabalhar feito doido
E o salário daqui
Não dá pra criar
Os cinco barrigudim
Vive dando murro em prego
Pra ser um homem de fato
Se emprestam não lhe pagam
Vive pagando o pato
Tá cheio de malandro
É um ninho de rato
Os mais bobo troca meia
Sem tirar o sapato
Cochilou cachimbo cai
Escorregou fica de quatro
É um cabaré de cego
Dentro de um balaio de gato
Nasceu com a mãe na zona...
Tem que ter cara e coragem
Pra tentar ganhar no grito
Tem gente vendendo a mãe
Tem gente ficando rico
Será o Mercosul
Ou será o benedito?
Quanto mais a moda é feia
Mais o povo acha bonito
Escutador de novela
Promovido a pinico
Os desonesto dentro
E os honesto de fora
Quem trafica enrica
E o justo na tora
No capitalismo
Quem tem água nos olhos
Quando vai no enterro
Se não lhe pagar não chora
Chora se não tiver
Dinheiro vivo em dólar
Chora pra quem morreu
Se lhe pagarem na hora
Olha o cidadão no mundo
No mundo ninguém tá só
Vida de quem tá no mundo
É viver desatando nó
Olhe o nó na madeira
A mentira é um nó
Quem dá nó em goteira
Amarra a sombra com cipó

Só na Sandalinha...

Sandália de prata
Ary Barroso
Isto aqui ô ô
É um pouquinho de Brasil, Iaiá
Deste Brasil que canta e é feliz
Feliz, feliz
É também um pouco de uma raça
Que não tem medo de fumaça ai, ai
E não se entrega não
Olha o jeito nas cadeiras que ela sabe dar
Olha só o remelexo que ela sabe dar
Olha o jeito nas cadeiras que ela sabe dar
Morena boa que me faz penar
Bota a sandália de prata
E vem pro samba sambar
Morena boa que me faz penar
Bota a sandália de prata
E vem pro samba sambar

Sandália amarela
Wilson Moreira
Eu dei a ela
Um par de sandálias
Da cor do meu chapéu de palha
É ela de saia amarela e uma blusa de filó
E eu com uma flor na lapela do meu palitó
Eu dei a ela
Um par de sandálias
Da cor do meu chapéu de palha
Mais se a vida melhorar, eu caso
E se for com ela ao altar para oficializar o nosso velho caso
E na volta eu faço um pedido pro meu orixá
Ascenda uma vela com toda cautela
Pedindo pra ela jamais me deixar
Mais se a vida melhorar, eu mudo
Vou contruir um cantinho bem arrumadinho
Com flores e tudo
Uma casa com sala e varanda e Jacarepaguá
Eu todo frajola de fraque e cartola
Tocando viola de papo pro ar

Só no Tamanquinho...

Rapaz folgado
Noel Rosa
Deixa de arrastar o teu tamanco
Pois tamanco nunca foi sandália
E tira do pescoço o lenço branco
Compra sapato e gravata
Joga fora esta navalha que te atrapalha
Com chapéu do lado deste rata
Da polícia quero que escapes
Fazendo um samba-canção
Já te dei papel e lápis
Arranja um amor e um violão
Malandro é palavra derrotista
Que só serve pra tirar
Todo o valor do sambista
Proponho ao povo civilizado
Não te chamar de malandro
E sim de rapaz folgado

Lenço no pescoço
Wilson Batista
Meu chapéu do lado
tamanco arrastando
Lenço no pescoço
Navalha no bolso
Eu passo gingando
Provoco e desafio
Eu tenho orgulho
Em ser tão vadio
Sei que eles falam
Deste meu proceder
Eu vejo quem trabalha
Andar no miserê
Eu sou vadio
Porque tive inclinação
Eu me lembro, era criança
Tirava samba-canção
Comigo não
Eu quero ver quem tem razão
E eles tocam
E você canta
E eu não dou

*Com a preciosa colaboracão de Marcio Acselrad

terça-feira, 14 de dezembro de 2010

Tempo rei


Sitio Kinderland, Mulungu, Ceará

E o esquecer
era tão normal 
que o tempo parava...
(Fazenda, Milton Nascimento • Nelson Angelo)

segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

For all

No dia do forró vamos forrozar...

Forró no Escuro
Luíz Gonzaga
O candeeiro se apagou
O sanfoneiro cochilou
A sanfona não parou
E o forró continuou
Meu amor não vá simbora
Não vá simbora
Fique mais um bucadinho
Um bucadinho
Se você for seu nego chora
Seu nego chora
Vamos dançar mais um tiquinho
Mais um tiquinho
Quando eu entro numa farra
Num quero sair mais não
Vou inté quebrar a barra
E pegar o sol com a mão

For All para todos
Geraldo Azevedo • Capinan
Para todos os fandangos
Para todos os ferreiros
Para todos os candangos
Para todos os brasileiros
Eu vou mostrar pra vocês
Como nasceu o forró
Foi antes de padim Ciço
Foi antes de lampião
Antes de nascer o Cristo
Do batismo de João
Antes de morrer por todos
Antes de repartir o pão
For All For All For All For All
Para todos da cidade
Para todos do sertão
Para os que preferem xote
Samba rock ou baião
O inglês ali andava
Sei se anda sei se não
Botando trilhos no mundo
Bem no fundo do sertão
Ferrovia para todos
Leva uns e outros não
Só a morte com certeza
Dá para todos condução
For All For All For All For All
Para todos de São Paulo
E do Rio de Janeiro
Pernambuco Paraíba
Petrolina Juazeiro
Alegria para todos
A tristeza sei se não
O inglês da ferrovia
Escreveu no barracão
For all...
Foi então que o pau comeu
Nunca mais sentou o pó
Eu só sei que o povo leu
Forró Forró Forró Forró
E veio o Jackson veio o Lua
Veio Januário e Azulão
Severino não faltou
Democratas do baião
Foi o chêro na Carolina
Foi subindo a gasolina
Foi o trem e veio a Ford
Mas só sei que o povo leu
Forró Forró Forró Forró
O forró de ferrovia
Vira e mexe o mundo inteiro
For all for all for all
Foi aí que o pau comeu
Nunca mais sentou o pó
Mas foi assim que o povo leu
Forró Forró Forró Forró
Foi assim que o pau comeu
Foi assim que o povo leu
O for all dos estrangeiros
Para todos brasileiros
Forró Forró Forró Forró
Ferrovia do forró
Nunca mais sentou o pó
Forró Forró Forró Forró

Forró do ABC
Moraes Moreira • Patinhas
No forró do A
Nós vamos amar
No forró do B
Nós vamos beber
No forró do C
Nós vamos comer
Me D pois E
No forró do F
Nós vamos ferver
No forró do G
vamos agarrar
Gagh no forró do I
Que jogou pro J
Nesse L Lê Lê
Mas cadê você
Nesse lê lê lê
Mas cadê você?
No forró do M
Nós vamos mexer
No forró do N
vamos namorar
No forró do O
P Q R S T
Pra que recitar
Tantu U U U?
Tô aqui pra V
O seu X xi xi
Tô aqui pra ver o
Seu Z zê zê
Forró, Forró, forró
Forró do ABC

Isso é um livro!

Este filminho é genial, já compartilhei no facebook mas a vontade de colocar aqui no blog tomou conta da minha pessoa. Curtam mais de uma vez o trabalho da escritora e ilustradora Lane Smith.

Breves Diálogos XVII

Fomos passar um fim de semana na serra com uma boa turma de amigos, entre eles um casal, ele francês com pouco domínio do português. Noite agradável e descontraída, com temperatura amena... na varanda muito vinho, boa cachaça, quiches, queijos, castanha de caju e siriguela colhida no pé para paladar nenhum botar defeito.
Lá pelas tantas, uma amiga super tímida e  discreta, aparece na porta e faz um monte de mímica para a Karlinha, dona da casa. Entre sinais e sussurros o casal anfitrião se levanta.
Bernard, super curioso, quis saber o que estava acontecendo, pois não conseguiu compreender o que falaram.
O Inacio, já pra lá de ypióca, e sem muita fluência no idioma de Napoleão explica: p-a-p-i-e-r  d-e  t-o-i-l-e-t-e!!!
- Aaaah ouiiii, ele diz com seu sotaque carregado: papier higienicôôôôôôôôôôôôôôôôô.

sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

Politicamente incorretas e maravilhosas

Noel faz cem anos! Noel escreveu músicas maravilhosas que foram gravadas e regravadas. Aaaah, que atire a primeira pedra aquele que não terminou uma noitada cantando Fita amarela, Feitiço da Vila, Último desejo, Pastorinhas, Com que roupa?, Palpite infeliz, Filosofia, Pra que mentir?, Pierrô apaixonado, Conversa de botequim... mas aqui quero registrar duas letras que hoje certamente seriam enquadradas em nome do bom-mocismo. Divirtam-se com Mulher Indigesta e com Gago Apaixonado.



Mulher Indigesta
Noel Rosa
Mas que mulher indigesta!(Indigesta!)
Merece um tijolo na testa
Essa mulher não namora
Também não deixa mais ninguém namorar
É um bom center-half pra marcar
Pois não deixa a linha chutar
E quando se manifesta
O que merece é entrar no açoite
Ela é mais indigesta do que prato
De salada de pepino à meia-noite
Essa mulher é ladina
Toma dinheiro, é até chantagista
Arrancou-me três dentes de platina
E foi logo vender no dentista




Gago apaixonado
Noel Rosa
Mu-mu-mulher, em mim fi-fizeste um estrago
Eu de nervoso estou-tou fi-ficando gago
Não po-posso com a cru-crueldade da saudade
Que que mal-maldade, vi-vivo sem afago

Tem tem pe-pena deste mo-moribundo
Que que já virou va-va-va-va-ga-gabundo
Só só só só por ter so-so-sofri-frido
Tu tu tu tu tu tu tu tu
Tu tens um co-coração fi-fi-fingido

Mu-mu-mulher, em mim fi-fizeste um estrago
Eu de nervoso estou-tou fi-ficando gago
Não po-posso com a cru-crueldade da saudade
Que que mal-maldade, vi-vivo sem afago

Teu teu co-coração me entregaste
De-de-pois-pois de mim tu to-toma-maste
Tu-tua falsi-si-sidade é pro-profunda
Tu tu tu tu tu tu tu tu
Tu vais fi-fi-ficar corcunda!

Coceira na mão esquerda...

A partir da próxima semana tem grana nova na praça... é isso aí as novas notas do Real estão de cara nova, a nossa conhecida República continua lá, assim como os animais brasileiros que ilustram cada nota. Houve uma reorganizacão visual e mudança de formato. Bonitas, continuam bem bonitas.

Pra que dinheiro
Martinho da Vila
Dinheiro pra que dinheiro
Se ela não me dá bola
Em casa de batuqueiro
Só quem fala alto é viola
Venha depressa, correndo pro samba
Porque o samba já vai terminar
Afina logo a sua viola
E canta samba até o sol raiar
Mas, dinheiro pra que dinheiro...
Eu era um cara muito solitário
Não tinha mina pra me namorar
Depois que eu comprei uma viola
Arranjo nega de qualquer lugar
Dinheiro pra que dinheiro...
Eu tinha grana
Me levaram a grana
Fiquei quietinho
Nem quis reclamar
Mas, se levarem
A minha viola, não me segura
Porque eu vou brigar
Dinheiro pra que dinheiro ...
Pára depressa com essa viola
Porque o samba já vai terminar
Eu vou depressa correndo pra casa
Pegar a marmita para ir trabalhar
Dinheiro pra que dinheiro....

Beleza pura
Caetano Veloso
Não me amarra dinheiro não!
Mas formosura
Dinheiro não!
A pele escura
Dinheiro não!
A carne dura
Dinheiro não!...
Não me amarra dinheiro não!
Mas elegância...
Não me amarra dinheiro não!
Mas a cultura
Dinheiro não!

Não quero dinheiro
Tim Maia
Vou pedir prá você ficar
Vou pedir prá você voltar
Eu te amo
Eu te quero bem
Vou pedir prá você me amar
Vou pedir prá você gostar
Eu te amo
Eu te adoro, meu amor
A semana inteira
Fiquei esperando
Prá te ver sorrindo
Prá te ver cantando
Quando a gente ama
Não pensa em dinheiro
Só se quer amar
Se quer amar
Se quer amar
De jeito maneira
Não quero dinheiro
Quero amor sincero
Isto é que eu espero
Grito ao mundo inteiro
Não quero dinheiro
Eu só quero amar

Mim quer tocar
Ultraje a rigor
Mim quer tocar
Mim gosta ganhar dinheiro
Me want to play
Me love to get the money
Mim é brasileiro
Mim gosta banana
Mas mim também quer votar
Mim também quer ser bacana
Me want to play
Mim gosta tanto tocar
Mim é batuqueiro
Mas mim precisa ganhar
Mim gosta ganhar dinheiro

Dinheiro em penca
Antonio Carlos Jobim • Cacaso
O mati é passo preto
Ele é muito tapereiro
Ele canta por amor
Eu só canto por dinheiro
No seu canto tem valor
No meu canto tem vintém
Ele geme a sua dor
Eu não choro por ninguém
Ninguém sabe ir pelo Catumbi
Ninguém sabe, ninguém sabe
[...]

Abrigo de vagabundos
Adoniran Barbosa
Eu arranjei o meu dinheiro
Trabalhando o ano inteiro
Numa cerâmica
Fabricando potes
e lá no alto da Moóca
Eu comprei um lindo lote dez de frente e dez de fundos
Construí minha maloca
Me disseram que sem planta
Não se pode construir
Mas quem trabalha tudo pode conseguir
João Saracura que é fiscal da Prefeitura
Foi um grande amigo, arranjou tudo pra mim
Por onde andará Joca e Matogrosso
Aqueles dois amigos
Que não quis me acompanhar
Andarão jogados na avenida São João
Ou vendo o sol quadrado na detenção
Minha maloca, a mais linda que eu já vi
Hoje está legalizada ninguém pode demolir
Minha maloca a mais deste mundo
Ofereço aos vagabundos
Que não têm onde dormir

Meu mundo é hoje
Paulinho da Viola • Wilson Batista
Eu sou assim, quem quiser gostar de mim eu sou assim.
Eu sou assim, quem quiser gostar de mim eu sou assim.
Meu mundo é hoje não existe amanhã pra mim
Eu sou assim, assim morrerei um dia.
Não levarei arrependimentos nem o peso da hipocrisia.
Tenho pena daqueles que se agacham até o chão
Enganando a si mesmo por dinheiro ou posição
Nunca tomei parte desse enorme batalhão,
Pois sei que além de flores, nada mais vai no caixão.
Eu sou assim, quem quiser gostar de mim eu sou assim.

Pelas capitais
Moraes Moreira
Lá em Maceió você de mim não teve dó
Em Aracajú a coisa virou angu
Já em São Luís a gente foi tão feliz
Em Belém do Pará eu não parei de chorar
Lá em Manaus vimos que somos bons e maus
E em Teresina acabou-se toda nossa gasolina
Em Salvador, só em Salvador eu conquistei para sempre o seu amor
Em Salvador, com a ajuda de Xangô, ô ô
Eu conquistei como um rei o seu amor
E lá em Recife foi um disse que me disse
Porém em Natal a coisa ficou legal
Já em João Pessoa nós curtimos numa boa
Mas em Curitiba necas de pitibiriba
Em Porto Alegre alugamos um casebre
E no Rio de Janeiro acabou-se todo o dinheiro
Belo Horizonte um belo horizonte
Já em Vitória pintou uma outra história
E na Paulicéia você pirou da idéia
Em Florianópolis se lembrando de Nilópolis
Já em Campo Grande nosso amor foi muito grande
Mas em Cuiabá você ficou sarará
Lá em Goiânia até cantamos guarânia
Em Brasília foi a hora de abraçar toda a família
Em Salvador...
Lá em Macapá tomamos muito guaraná
Tantas outras coisas aconteceram por lá
Já em Boa Vista você disse até a vista
Mas em Fortaleza uma poética tristeza
Em Porto Velho visitamos o Cornélio
Em Rio Branco nos beijamos tanto tanto e no entanto

Mancada
Gilberto Gil
O dinheiro que eu lhe dei
Pro tamborim
Não vá gastar depois jogar a culpa em mim
O dinheiro que eu lhe dei
Não é meu não
É da escola por favor não mete a mão
Você lembra muito bem
No outro carnaval
Você chorou porque não pode desfilar
A fantasia que eu mandei você comprar
Não ficou pronta porque o dinheiro
Que eu lhe dei pra costurar
Você, hum, hum
Eu nem vou dizer
Prá não lhe envergonhar

Injuriado
Chico Buarque
Se eu só lhe fizesse o bem
Talvez fosse um vício a mais
Você me teria desprezo por fim
Porém não fui tão imprudente
E agora não há francamente
Motivo pra você me injuriar assim
Dinheiro não lhe emprestei
Favores nunca lhe fiz
Não alimentei o seu gênio ruim
Você nada está me devendo
Por isso, meu bem, não entendo
Porque anda agora falando de mim

Comida
Titãs • Arnaldo Antunes • Marcelo Fromer • Sérgio Britto
Bebida é água!
Comida é pasto!
Você tem sede de que?
Você tem fome de que?...
A gente não quer só comida
A gente quer comida
Diversão e arte
A gente não quer só comida
A gente quer saída
Para qualquer parte...
A gente não quer
dinheiro
A gente quer dinheiro
E felicidade
A gente não quer
Só dinheiro
A gente quer inteiro
E não pela metade...
Diversão e arte
Para qualquer parte
Diversão, balé
Como a vida quer
Desejo, necessidade, vontade
Necessidade, desejo, eh!
Necessidade, vontade, eh!
Necessidade...

Breves Diálogos XVI

Eu e uma das minhas melhores amigas somos telefônicas no último grau, desde que nos conhecemos aos 11 anos de idade (e sempre que estamos morando na mesma cidade) temos o hábito de nos telefonarmos muitas vezes por dia, por longos períodos... falar sobre o tudo e o nada são assuntos que rendem muito papo. Essa semana nós duas andávamos bastante atarefadas e envolvidas com nossos trabalhos e em uma de nossas merecidas pausas comentávamos em que pé andavam as coisas...
- E aí, terminou?
- Naaaada, e você?
- Ihhh, vou longe...
- ...eu também!
Pausa
- Sabe aquela história: “Eu poderia estar roubando...”
- “Eu poderia estar matando...”
Em coro e na nossa eterna sintonia, as duas falam:
- Mas eu estou aqui morreeeeeeeeeeendo!
E dá-lhe gargalhadas...

segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

Meu pé, meu querido pé


Ratinho tomando banho
Hélio Ziskind
Essa animação é um clássico do Castelo Rá-Tim-Bum... saudades!

O sapo não lava o pé
Cantiga popular
O Sapo não lava o pé
Não lava porque não quer
Ele mora lá na lagoa
Não lava o pé porque não quer
Mas que chulé!!!

Pato pateta
Toquinho • Vinicius de Moraes
Lá vem o pato
Pata aqui, pata acolá
La vem o pato
Para ver o que é que há
O pato pateta
Pintou o caneco
Surrou a galinha
Bateu no marreco
Pulou do poleiro
No pé do cavalo
Levou um coice
Criou um galo
Comeu um pedaço
De jenipapo
Ficou engasgado
Com dor no papo
Caiu no poço
Quebrou a tigela
Tantas fez o moço
Que foi pra panela

Samba da minha terra
Dorival Caymmi
Samba da minha terra deixa a gente mole
quando se canta todo mundo bole,
quando se canta todo mundo bole
Quem não gosta de samba bom sujeito não é
É ruim da cabeça ou doente do pé
Eu nasci com o samba no samba me criei
e do danado do samba nunca me separei

Pé com pé
Palavra cantada
Acordei com o pé esquerdo
Calcei meu pé de pato
Chutei o pé da cama
Botei o pé na estrada
Dei um pé de vento
Caiu um pé d’água
Enfiei o pé na lama
Perdi o pé de apoio
Agarrei num pé de planta
Despenquei com pé descaço
Tomei pé da situação
Tava tudo em pé de guerra
Tudo em pé de guerra
Pé com pé, pé com pé, pé com pé
Pé contra pé
Não me leve ao pé da letra
Essa história não tem pé nem cabeça
Vou dar no pé / Pé quente
Pé ante pé / Pé rapado
Samba no pé / Pé na roda
Não dá mais pé / Pé chato
Pegar no pé / Pé de anjo
Beijar o pé / Pé de meia
Manter o pé / Pé de moleque
Passar o pé / Pé de pato
Ponta do pé / pé de chinelo
Bicho de pé / Pé de gente
Fincar o pé / Pé de guerra
De olelha em pé / Pé atrás
Pé contra pé / Pé fora
A pé / Pé frio
Rodapé / Pé

Pezinho
Cantiga popular
Oi bota aqui, oi bota aqui o seu pezinho
Oi bota aqui, oi bota aqui ao pé do meu
E depois não vai dizer
que você já se esqueceu
Oi bota aqui, oi bota aqui o seu pezinho
Oi bota aqui, oi bota aqui ao pé do meu
E depois não vai dizer
que você já se arrependeu

terça-feira, 30 de novembro de 2010

Silêncio inspirador

Como amante das pinturas e dos desenhos e fazedora de livros não poderia encontrar melhor lugar para repousar os olhos e a alma.

http://osilenciodoslivros.blogspot.com/

 L’etoile de mer, Man Ray

Acabo de conhecer esse blog maravilhoso, dica da minha grande amiga, leitora de tantas edições, livreira, editora e pesquisadora Anaelena, vale a pena se deixar levar.

segunda-feira, 29 de novembro de 2010

O Rio de Janeiro...

 Igreja da Penha com Complexo do Alemão ao fundo. Foto: Custódio Coimbra
Acompanhando todo noticiário dos últimos dias continuo refletindo e registrando aqui a mudança do uso das palavras e de seus significados, favelas hoje são comunidades. O registro vai em música, a primeira de 1969 e a segunda de 2002.

Aquele abraço
Gilberto Gil
O Rio de Janeiro
Continua lindo
O Rio de Janeiro
Continua sendo
O Rio de Janeiro
Fevereiro e março
Alô moça da favela
Aquele Abraço!
Todo mundo da Portela
Aquele Abraço!
Todo mês de fevereiro
Aquele passo!
Alô Banda de Ipanema
Aquele Abraço!
Meu caminho pelo mundo
Eu mesmo traço
A Bahia já me deu
Régua e compasso
Quem sabe de mim sou eu
Aquele Abraço!
Prá você que me esqueceu
Ruuummm!
Aquele Abraço!
Alô Rio de Janeiro
Aquele Abraço!
Todo o povo brasileiro
Aquele Abraço!

Carnavália
Carlinhos Brown • Marisa Monte • Arnaldo Antunes
Alô Comunidade
Vem pra minha ala que hoje a nossa escola vai desfilar
Vem fazer história que hoje é dia de glória nesse lugar
Vem comemorar, escandalizar ninguém
Vem me namorar, vou te namorar também
Vamos pra avenida, desfilar a vida, carnavalizar
Na Portela tem Mocidade, Imperatriz
No Império tem uma Vila tão feliz
Beija-Flor, vem ver, a porta-bandeira
Na Mangueira tem morenas da Tradição
Sinto a batucada se aproximar
Estou ensaiado para te tocar
Repique tocou, o surdo escutou
E o meu corasamborim
Cuíca gemeu
Será que era eu
Quando ela passou por mim

sexta-feira, 26 de novembro de 2010

My sweet Keith

Em recente entrevista um jornalista pergunta a Keith Richards, o mais rock n’roll dos Stones e meu eterno ídolo:
Você ficou chateado quando Mick Jagger foi feito Cavaleiro do Império Britânico?
- Porque ficaria? Não sou fã da monarquia. Nunca fui o sujeito que se ajoelha diante do rei, sou o cara que o ameaça com a espada.

Mas de pertinho, esse cara é assim, simpático e bem humorado...

quarta-feira, 24 de novembro de 2010

Breves Diálogos XV

Mondrian, Composition with red, blue and yellow

Alexander Calder ao ver um novo quadro de Piet Mondrian pergunta:
- Por que você não coloca no ar?
- Mas já está no ar, respode ele!

#lulablogs

Essa manhã, em Brasília, o Lula concedeu a primeira entrevista exclusiva para os blogueiros progressistas. Para além do fato histórico, da ótima discussão e dos bons causos contados pelo homem de Garanhuns, o que chama a atenção é o formato da coletiva. Todos com seus computadores portáteis em atividade total, enquanto um falava os outros postavam comentários nos diversos canais virtuais e a participação dos ouvintes-escrivinhadores-tuiteiros acontecia em tempo real. Um momento altamente democrático. E viva a era digital!

Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades,
Muda-se o ser, muda-se a confiança;
Todo o mundo é composto de mudança,
Tomando sempre novas qualidades.
[Luís de Camões, 1524-1580]



Para quem perdeu ao vivo, segue endereço

terça-feira, 23 de novembro de 2010

Time is on my side...

Marc Chagall, Litografia, 1952

Oração ao Tempo
Caetano Veloso

És um senhor tão bonito
Quanto a cara do meu filho
Tempo tempo tempo tempo
Vou te fazer um pedido
Tempo tempo tempo tempo...

Compositor de destinos
Tambor de todos os rítmos
Tempo tempo tempo tempo
Entro num acordo contigo
Tempo tempo tempo tempo...

Por seres tão inventivo
E pareceres contínuo
Tempo tempo tempo tempo
És um dos deuses mais lindos
Tempo tempo tempo tempo...

Que sejas ainda mais vivo
No som do meu estribilho
Tempo tempo tempo tempo
Ouve bem o que te digo
Tempo tempo tempo tempo...

Peço-te o prazer legítimo
E o movimento preciso
Tempo tempo tempo tempo
Quando o tempo for propício
Tempo tempo tempo tempo...

De modo que o meu espírito
Ganhe um brilho definido
Tempo tempo tempo tempo
E eu espalhe benefícios
Tempo tempo tempo tempo...

O que usaremos prá isso
Fica guardado em sigilo
Tempo tempo tempo tempo
Apenas contigo e comigo
Tempo tempo tempo tempo...

E quando eu tiver saído
Para fora do teu círculo
Tempo tempo tempo tempo
Não serei nem terás sido
Tempo tempo tempo tempo...

Ainda assim acredito
Ser possível reunirmo-nos
Tempo tempo tempo tempo
Num outro nível de vínculo
Tempo tempo tempo tempo...

Portanto peço-te aquilo
E te ofereço elogios
Tempo tempo tempo tempo
Nas rimas do meu estilo
Tempo tempo tempo tempo...

domingo, 21 de novembro de 2010

Trópico-design

Pra tirar coco 
Messias Holanda • Hamilton Oliveira
Eu quero trepar num pé de coco
Eu quero me trepar pra tirar coco
Depois eu quero quebrar o coco
Pra sabe se coco é oco
Tem gente dizendo q eu sou louco
Por eu só falo em tirar coco
Realmente eu quero tirar o coco
Pra depois quebrar o coco
Pra saber se coco é oco

(Antes)
(Depois)
Eu acho s-i-m-p-l-e-s-m-e-n-t-e genial esse novo modo de cortar coco verde em Fortaleza (vejam acima). Isso é uma aula de design, de bom design. Além de garantir uma boa economia de espaço, essas arestas garantem que a àgua gele muito mais rápido. Forma e função em plena harmonia. Tenho certeza que Gropius aprovaria!!!

quarta-feira, 17 de novembro de 2010

Sertão em verso

Fotos de Tiago Santana
Lamento Sertanejo
Dominguinhos • Gilberto Gil
Por ser de lá
Do sertão, lá do cerrado
Lá do interior do mato
Da caatinga do roçado.
Eu quase não saio
Eu quase não tenho amigos
Eu quase que não consigo
Ficar na cidade sem viver contrariado.
Por ser de lá
Na certa por isso mesmo
Não gosto de cama mole
Não sei comer sem torresmo.
Eu quase não falo
Eu quase não sei de nada
Sou como rês desgarrada
Nessa multidão boiada caminhando a esmo.

Sobradinho
Sá e Guarabyra
O homem chega já desfaz a natureza
Tira gente põe represa, diz que tudo vai mudar
O São Francisco lá pra cima da Bahia
Diz que dia menos dia, vai subir bem devagar
E passo a passo, vai cumprindo a profecia
Do beato que dizia que o sertão ia alagar
O sertão vai virar mar
Dói no coração
O medo que algum dia
O mar também vire sertão
O sertão vai virar mar
Dói no coração
O medo que algum dia
O mar também vire sertão
Adeus Remanso, Casanova, Sento Sé
Adeus Pilão Arcado veio o rio te engolir
Debaixo d’água lá se vai a vida inteira
Por cima da cachoeira, o Gaiola vai subir
Vai ter barragem no Salto do Sobradinho
O povo vai se embora com medo de se afogar
O sertão vai virar mar
Dói no coração
O medo que algum dia
O mar também vire sertão
Vai virar mar
Dói no coração
O medo que algum dia
O mar também vire sertão
Remanso, Casanova, Sento Sé
Pilão Arcado, Sobradinho, adeus, adeus
Remanso, Casanova, Sento Sé
Sobradinho, adeus, adeus
Remanso, Casanova, Sento Sé
Sobradinho, adeus, adeus

O Sertão te espera
Dominguinhos
Vem
o sertão
Tá chamando a gente
O sol ora frio, ora quente
O vento pra nos refrescar
Vem
O sertão nos espera sorrindo
É um pai que castiga sentindo
Vontade de nos embalar
Vem
Sertanejo sofrido e sem sorte
E mesmo na hora da morte
Coragem não se vê faltar
Vem
Que nesse sertão de bravura
Não uma há só criatura
Para dar sem nada fazer
Vem
Que esse chão é bem firme e forte
É nosso sertão, nossa terra
Bendito sertão do meu norte

Luar do Sertão
Catullo da Paixão Cearense • João Pernambuco
Ah que saudade
Do luar da minha terra
Lá na serra branquejando
Folhas secas pelo chão
Este luar cá da cidade tão escuro
Não tem aquela saudade
Do luar lá do sertão
Não há oh gente oh não
Luar como este do sertão
Não há oh gente oh não
Luar como este do sertão
A gente fria
Desta terra sem poesia
Não se importa com esta lua
Nem faz caso do luar
Enquanto a onça
Lá na verde da capoeira
Leva uma hora inteira
Vendo a lua derivar
Não há oh gente oh não
Luar como este do sertão
Ai quem me dera
Que eu morresse lá na serra
Abraçado à minha terra
E ormindo de uma vez
Ser enterrado numa grota pequenina
Onde à tarde a surubina
Chora a sua viuvez
Não há oh gente oh não
Luar como este do sertão
Não há oh gente oh não
Luar como este do sertão

Rachel faz 100 anos

Rachel de Queiroz* na Fazenda Não Me Deixes, Ceará, 1998. Foto: Eder Chiodetto

- E então?
- Então, o que?
- As memórias!
Você sabe que não gosto de memórias. Nunca pretendi escrever memória nenhuma. É um gênero literário - e será literário mesmo? - onde o autor se coloca abertamente como personagem principal e, quer esteja falando de si, quer confessando maldades, está em verdade dando largas às pretensões do seu ego - grande figura humana ou grande vilão. O ponto mais discutível em memórias são as confissões, gênero que sempre abominei, pois há coisas na vida de cada um que não se contam.
[...] Vamos fazer um acordo: não vou falar espontaneamente. Você terá que me extorquir as lembranças do passado, as coisas que testemunhei, as pessoas que conheci. Se quiser conto, se não quiser não conto. Prometo apenas não mentir.
(Trecho do livro de memórias Tantos Anos, Rachel de Queiroz e Maria Luíza Queiroz)
*A escritora nasceu em 17/11/1910  e faleceu em  04/11/2003

sexta-feira, 12 de novembro de 2010

Memória afetiva*

Dora Carrington, pintora, 1893|1932

*Para minha querida amiga Anaelena

E por falar em escrita... ei abestado!!!

Save salve Tiririca!!!
Sim, Tiririca sabe ler e escrever e mais, sabe interpretar também: “De acordo com o presidente do TRE-SP, Tiririca teve de ler uma notícia de jornal e fazer uma interpretação do que leu e escreveu.”

A polêmica começou depois de uma reportagem da revista Época, poucas semanas antes da eleição, apontando que Tiririca era analfabeto, de acordo com pessoas que trabalhavam e conviviam com ele. No ato do registro da candidatura, Tiririca, assim como todos os candidatos, entregou um documento atestando que tinha o primeiro grau incompleto, mas que sabia ler e escrever. O documento foi submetido à perícia, que apontou irregularidades na caligrafia - uma pessoa poderia ter escrito por Tiririca. O palhaço se recusou a fazer a perícia do documento, o que foi aceito pelo TRE-SP, já que ninguém é obrigado a produzir uma prova contra si mesmo. (Fonte: Yahoo! Brasil)

Eu me pergunto, porque uma pessoa tem que ser submetida a um constrangimento desse porte baseado numa reportagem de uma revista - péssima, tendenciosa e futriqueira - semanal?
Ora menino, menino menino... mas num to dizendo menino...

quinta-feira, 11 de novembro de 2010

Forma e função

Quem me conhece sabe que eu adoro observar coisas do cotidiano e que em alguns momentos me prendo em mínimos detalhes. Acho uma delícia ver a transformação do uso das palavras e os mais diversos significados que elas vão tomando, novos arremates lógicos. Por vício profissional fico de olho nas formas diversas com que a escrita se apresenta. Gosto de ver a grafia e a forma do português (dito) popular e do português (dito) culto e confesso, acho que tudo vale a pena se a alma não é pequena.





Houve um tempo em que a nível de explanação todas as colocações tinham que passar por algumas questões e ressalvas. Depois veio o momento gerúndiano, onde todos estávamos tendo que estar discutindo, para estar encaminhando para poder estar resolvendo para finalmente estar entendendo. Hoje o que percebo é que no nosso mundo não existem mais necessidades e sim demandas, não se discute o problema do lixo, mas o descarte dos resíduos sólidos e todos as notícias sobre literatura, música, cinema, dança ou teatro vem precedida da palavra cena! Uiiii. Ninguém mais faz nenhum curso ou treinamento, as pessoas estão sendo capacitadas ou passam por formação. E haja cobrança do poder público! Ele, quem é ele, esse tal de poder público... (salve Rita Lee com Esse tal de rock n’ roll).
E dito isso, peço licença pois tenho que fazer a prospecção de alguns projetos junto ao mercado, ou seja, preciso sair pra vender meu peixe e ganhar um tutu. Siga a praca!

quarta-feira, 10 de novembro de 2010

Breves Diálogos XIV

Na sala de espera da Central de Imagem de um hospital, enquanto eu aguardava para fazer uma radiografia e um ultrassom do meu pé, a enfermeira aparece na porta com todas aquelas guias de exames e chama:
- Sr. Fulano de Tal
- Sou eu, prontamente se apresenta um senhor muito distinto e elegante.
- O senhor está com a bexiga cheia?
- Bom, eu já tomei 20 copos d‘água, mas não sei dizer se a minha bexiga já está cheia, por que, veja bem, o meu problema é justamente esse, a minha uretra...
e felizmente ele sumiu pelo corredor!

Ao meu lado estavam mais umas quatro mulheres, nos entreolhamos e todas caímos na risada, afinal, quem precisa saber de tantos detalhes, não?

terça-feira, 9 de novembro de 2010

Viva a espontaneidade

Repórter paraibano, Fabiano Antunes, interrompe reportagem ao ser surpreendido com acidente de trânsito. O engavetamento que envolveu 6 carros aconteceu na Epitácio Pessoa, principal avenida da cidade de João Pessoa.

Minha querida amiga Dani após ler as postagens que fiz sobre a capital da Paraíba e sobre trânsito me mandou esse filminho. Não resisti e aqui publico:

sexta-feira, 5 de novembro de 2010

Dias coloniais





Centro histórico de João Pessoa - PB

Noites tropicais

No início de outubro, ficamos uns dias em João Pessoa, foram dias de muito passear e noites relaxantes no aconchego do Cabo Branco.

Inácio esquadrinhando todos os blogs e pesquisas sobre o 2º turno
Selminha lendo alfarrábios de 1910
Rodolfo preparando a nova exposição-publicação

e eu só clicando...

quinta-feira, 4 de novembro de 2010

Sobre mesa

Hora do almoço
Belchior
No centro da sala,
diante da mesa,
no fundo do prato,
comida e tristeza.
A gente se olha,
se toca e se cala
E se desentende
no instante em que fala.
Cada um guarda mais o seu segredo,
sua mão fechada
sua boca aberta
seu peito deserto,
sua mão parada,
lacrada,
selada,
molhada de medo.
Pai na cabeceira: É hora do almoço.
Minha mãe me chama: É hora do almoço.
Minha irmã mais nova, negra cabeleira...
Minha avó me chama: É hora do almoço.
... E eu inda sou bem moço
pra tanta tristeza.
Deixemos de coisas,
cuidemos da vida,
senão chega a morte
ou coisa parecida,
e nos arrasta moço
sem ter visto a vida
ou coisa parecida aparecida

Naquela mesa
Sérgio Bittencourt
Naquela mesa ele sentava sempre
E me dizia sempre o que é viver melhor
Naquela mesa ele contava histórias
Que hoje na memória eu guardo e sei de cor
Naquela mesa ele juntava gente
E contava contente o que fez de manhã
E nos seus olhos era tanto brilho
Que mais que seu filho
Eu fiquei seu fã
Eu não sabia que doía tanto
Uma mesa num canto, uma casa e um jardim
Se eu soubesse o quanto dói a vida
Essa dor tão doída, não doía assim
Agora resta uma mesa na sala
E hoje ninguém mais fala do seu bandolim
Naquela mesa ta faltando ele
E a saudade dele ta doendo em mim
Naquela mesa ta faltando ele
E a saudade dele ta doendo em mim

Garçom
Reginaldo Rossi
Garçom! Aqui!
Nessa mesa de bar
Você já cansou de escutar
Centenas de casos de amor...
Garçom!
No bar todo mundo é igual
Meu caso é mais um, é banal
Mas preste atenção por favor...

Retrato marrom
Rodger Rogério • Fausto Nilo
Ai meu coração sem natureza
Vê se estanca essa tristeza que ilumina o escuro lar
O nosso amor é um escuro lar
Suspiro azul das bocas presas
O medo em minha mão que faz tremer a tua mão
Transpassa o coração, joga fumaça em meu pulmão
Silente esquina no Brasil
Nos verdes mares, calma lama, num desespero sem canção
Guarda o teu olhar de ave presa
Na toalha de uma mesa
Sem mirar a luz do sol, não há calor na luz do sol
O fim da festa é uma certeza
Te vejo em minha vida como um retrato marrom
São lembranças perdidas de um passado, e tudo bom
Brilha um punhal em teu olhar
Sinto o veneno do teu beijo
Era moderno o meu batom, batom, batom, batom ...

Matança
Xangai • Jatobá
Cipó caboclo tá subindo na virola
Chegou a hora do pinheiro balançar
Sentir o cheiro do mato da imburana
Descansar morrer de sono na sombra da barriguda
De nada vale tanto esforço do meu canto
Pra nosso espanto tanta mata haja vão matar
Tal mata Atlântica e a próxima Amazônica
Arvoredos seculares impossível replantar
Que triste sina teve cedro nosso primo
Desde de menino que eu nem gosto de falar
Depois de tanto sofrimento seu destino
Virou tamborete mesa cadeira balcão de bar
Quem por acaso ouviu falar da sucupira
Parece até mentira que o jacarandá
Antes de virar poltrona porta armário
Mora no dicionário vida eterna milenar

Nada de novo
Paulinho da Viola
Papéis sem conta
Sobre a minha mesa
O vento espalha as cinzas que deixei
Em forma de poemas antigos
Relidos
Perdido enfim confesso
Até chorei
Nada mais importa
Você passou
Meu samba sem razão
Se acabou
Um sonho foi desfeito
Alguma coisa diz
Preciso abandonar
Os versos que já fiz

Breves Diálogos XIII

Numa reportagem sobre trânsito no jornal do meio-dia, a jornalista pergunta a um transeunte o que ele acha de um certo tipo de irregularidade cometida pelos motoristas, e a resposta vem na lata:
- Olha, o certo é fazer o correto.

segunda-feira, 1 de novembro de 2010

Dilma lá

Agora chegou a vez, vou cantar
Mulher brasileira em primeiro lugar
Agora chegou a vez, vou cantar
Mulher brasileira em primeiro lugar
Norte a sul do meu Brasil
Caminha sambando quem não viu
Mulher de verdade, sim, senhor
(Mulher Brasileira • Benito Di Paula)

terça-feira, 26 de outubro de 2010

Em Fortaleza é assim!

Essa tarde Dilma passou pelo centro de Fortaleza e o que se viu foi muita gente na rua. Festa linda e emocionante. O Inácio fotografou de um ângulo, lá do alto de um carro de som, e eu de outro.

 O homem sério que contava dinheiro parou
O faroleiro que contava vantagem parou
A namorada que contava as estrelas parou
Para ver, ouvir e dar passagem...
(A Banda, Chico Buarque)


Foto Inácio Carvalho
Foto Inácio Carvalho
 Amigos queridos e animados: Gabriel, Aninha, Fê, Neide, Samia,
Renatinha e Regiane. Foto Inácio Carvalho

E o nosso amor é vermelho!

sábado, 23 de outubro de 2010

Breves Diálogos XII

Numa loja de produtos naturais, uma mulher de uns 50 anos, acompanhada de sua mãe, está enlouquecida diante das novidades. Mãe olha essa quinoa, mãe veja esse arroz integral... até que:
- Mãããe, fariiiiinha de casca de banana verde!!!
- E pra que é isso?
- Aaaaahhhh... hummmmm.... diz que é pra um bocado de coisa.

sexta-feira, 22 de outubro de 2010

Momento pinóquio

Fazendo campanha* e cantando...

Pega na mentira
Erasmo Carlos • Roberto Carlos
Pega na mentira
Pega na mentira
Corta o rabo dela
Pisa em cima
Bate nela
Pega na mentira...

Pra que mentir
Paulinho da Viola
Pra que mentir
se tu ainda não tens
Esse dom de saber iludir?
Pra quê?! Pra que mentir?

Maior Abandonado
Cazuza • Frejat
Migalhas dormidas do teu pão
Raspas e restos
Me interessam
Pequenas porções de ilusão
Mentiras sinceras me interessam
Me interessam...

Sabes mentir
Angela Maria • Othon Russo
Sabes mentir
Hoje eu sei que tu sabes sentir
Um falso amor
Abrigaste em meu coração

Música para mentir
Esteban • Rodrigo Tavares
É só uma mentira
Que eu não quero mais
Preciso ser capaz
De crescer
Não tenho cura
Vivo essa loucura e o medo não quer me deixar viver

Cem mentiras
Oxil
Todo dia tenho novas mentiras em....
Minhas mãos
Nem sempre a mesma historia
Mais sempre o mesmo fim tudo em vão

Qual mentira vou acreditar?
Racionais Mc’s
Tem que saber mentir tem que saber lidar
em qual mentira vou acreditar?
a noite é assim mesmo então deixa rolar
vou escolher em qual mentira vou acreditar
tem que saber mentir tem que saber lidar
em qual mentira vou acreditar?

* Eu voto Dilma13 pro Brasil seguir mudando

quinta-feira, 21 de outubro de 2010

Breves Diárigos

Nanquim de Saul Steinberg

Algumas expressões são maravilhosas, lógica pura, eu vivo escutando coisas assim no meu dia a dia:

• Que falta de irresponsabilidade!
• Preciso distrair o dente
• Matar dois coelhos com uma caixa d’água
• Onde você vai toda lésbica e fagueira?
• Antena paranóica
• Deu pânico no sistema
• Refazer o sintético da sala
• Casas germinadas
• Coloca um asterístico