sexta-feira, 22 de maio de 2009

Sociologia barata

Tem coisas que eu não desejo pra ninguém, uma delas é ter que assistir palestra corporativa. Pois é... tive que passar por isso um dia desses.
Faz-se de tudo para que o ambiente seja agradável, descontraído. A apresentação é um teatro, bastante interativa e cheia de risos, conta-se causos, cria-se intimidade, todos devem se sentir em casa, um sentimento de família, uma família que deve gerar lucro, que fique bem claro!
Depois de muito ouvir sobre organização, reorganização, higienização, sustentação, disponibilização, disposição, prospecção, padronização, otimização, e outros ãos vem a explicação* do por que somos assim, porque nada funciona direito no Brasil: é porque somos latinos! Lá não é assim!
[Assim como?] ... Assiiiiim, sem determinação!
[Lá onde?] ...Lááá, no hemisfério norte, claro!
[Ahhhhhh, agora entendi)
Ouvia tudo aquilo e pensava se a pessoa ali na frente tinha noção da quantidade de preconceitos e do tipo de ideologia que estava expondo, e o que pensavam os demais presentes. Posso dizer que o sarcasmo tem rolado solto deste então e isso lava a alma: não jurei mentiras nem sigo sozinha, ahhhh esse sangue latino...

* vocês já notaram que os gerúndios perderam espaço para os ÃO?

5 comentários:

  1. Fe, você esta "mandando" muito bem!!! Estou adorando acompanhar seu blog.

    ResponderExcluir
  2. Oi Fetinha, cheguei, como pau de lata, pra meter um dedinho de prosa por aqui. Lendo uam entrevista do Aldo Rebelo em que fala sobre a questão indígena no Brasil lembrei dessa sua observação entre nós daqui do Sul e eles lá do Norte, que são tão assim num sei como. Veja o que disse o Aldo:

    "O índio no imaginário do Brasil é diferente do índio do imaginário dos Estados Unidos. A imagem do índio nos Estados Unidos é daquele índio cercando a diligência. O herói para eles é sempre aquele que mata o cacique, que dizima o maior número de índios. Em qualquer cidadezinha americana, quando você vê uma estátua, pode ter certeza: foi ele quem matou mais índios. Bufalo Bill fazia exibições em teatros de Nova York contando como tinha conseguido matar tantos índios.

    Nossa tradição é essa. Nos misturamos com índios desde os bandeirantes. Nos Estados Unidos, as famílias que vinham da Inglaterra não se misturavam. Casavam entre eles, rezavam em suas igrejinhas de madeira.

    Nós tivemos até uma corrente literária indianista. A obr a de um dos nossos grandes poetas, Gonçalves Dias, foi lastreada em dois grandes poemas épicos, Juca Pirama e Timbiras - traduzidos para o mundo inteiro. O romance Iracema, que Alfredo Bosi chama de obra-prima e Machado de Assis reconhece como obra mate da nossa literatura, é um ensaio romanceado da vida indígena no Brasil.

    No Império, na época da luta pela independência de Portugal, nossos rebeldes trocavam o sobrenome de origem portuguesa pelo sobrenome indígena - como forma de demonstrar a ruptura".

    Tá vendo? Somos assim...

    ResponderExcluir
  3. Inácio e eu acho ótimo que a gente seja assim. Mas não fui muito clara no texto, o palestrante se referia a toooodo o hemisfério norte: américa, europa e japão (pq o resto da ásia não conta, sabe???), ele se referia aos "povos civilizados".

    ResponderExcluir
  4. Mais Aldo..."O Darcy Ribeiro diz que nós devemos a essa indisciplina indígena parte importante da nossa intolerância às coisas rígidas. Ela nos torna mais flexíveis e mais abertos."

    Coisa boa ser assim, né?

    ResponderExcluir
  5. Pois é mulher. É por essas e outras que sai da área. E quando falam marketês, então? Features, key brand, personalidade da marca,red flags, fortalezas e fraquezas da marca ... as marcas são mais importantes que as pessoas. Tô fora!
    paula
    bjo
    (perdeu um festão, mas vai ter segundo tempo)

    ResponderExcluir