terça-feira, 29 de junho de 2010

O feijão nosso de cada dia

Um, dois, feijão com arroz; Três, quatro, feijão no prato; Cinco, seis, feijão pra nós três; Sete oito, feijão com biscoito; Nove, dez, feijão com pastéis

O feijão de Dona Neném
Arlindo Cruz
Esse feijão tá cheiroso
Foi Dona Neném
Que mandou preparar
Disse que a Penha lhe disse
Que o fogo de lenha
Tem bom paladar

Feijoada completa
Chico Buarque
Mulher
Você vai gostar
Tô levando uns amigos pra conversar
Eles vão com uma fome que nem me contem
Eles vão com uma sede de anteontem
Salta cerveja estupidamente gelada prum batalhão
E vamos botar água no feijão

Feijão Maravilha
Gonzaguinha
Dez entre dez brasileiros preferem feijão
esse sabor bem Brasil
verdadeiro fator de união da família
esse sabor de aventura
famoso Pretão Maravilha
faz mais feliz a mamãe, o papai
o filhinho e a filha
[...]
Feijão tem gosto de festa
é melhor e mal não faz
ontem, hoje, sempre
feijão, feijão, feijão
o preto que satisfaz!...

Bife com arroz e feijão
Mc Leozinho
Bife com arroz e feijão, bife com arroz e feijão
Bife com arroz e feijão, vou fazendo um mexidão

Tô voltando
Chico Buarque
Pode ir armando o coreto e preparando aquele feijão preto
Eu to voltando
Põe meia dúzia de Brahma pra gelar, muda a roupa de cama
Eu to voltando
Quero te abraçar, pode se perfumar porque eu to voltando
Dá uma geral, faz um bom defumador, enche a casa de flor
Que eu to voltando

quinta-feira, 24 de junho de 2010

Festa de São João

Grande fachada festiva, pintura de Alfredo Volpi, 1950

Capelinha de melão
João de Barros • Adalberto Ribeiro
Capelinha de melão
é de São João.
É de cravo, é de rosa, é de manjericão

Sonho de papel
Carlos Braga • Alberto Ribeiro
O balão vai subindo, vem caindo a garoa.
O céu é tão lindo e a noite é tão boa.
São João, São João!
Acende a fogueira no meu coração.o

Pedro, Antônio e João
Benedito Lacerda • Oswaldo Santiago
Com a filha de João
Antônio ia se casar,
mas Pedro fugiu com a noiva
na hora de ir pro altar.

Cuore brasiliano

Trabalho de Vik Muniz

Quinta-feira, 13 horas. A equipe editorial comemora o fechamento de mais um livro em uma tradicional cantina italiana, lotada, no Largo da Freguesia do Ó. Conversa animada, comida farta, mensagens começam a chegar pelos celulares: Eslováquia fez o terceiro gol na Azzurra. Nesse momento, a mais meiga das criaturas grita: chupa Itááááááália!

quarta-feira, 23 de junho de 2010

Breves diálogos X

Copa do Mundo, primeiro jogo do Brasil. No ponto de ônibus lotado, duas torcedoras com a camisa canarinho conversam:
- Ai meu deus do céu... tô sofrendo!
- Ué, mas eu não entendo. Por que você torce para a Argentina?
- Ahhh, sei lá, acho que eu gosto!

domingo, 20 de junho de 2010

De par em par

Dragão do Mar em uma noite de maio

Paisagem da janela
Lô Borges e Fernando Brant
Da janela lateral do quarto de dormir
Vejo uma igreja, um sinal de glória
Vejo um muro branco e um vôo pássaro
Vejo uma grade, um velho sinal

Janelas abertas nº 2
Caetano Veloso
Sim, eu poderia abrir as portas que dão pra dentro
Percorrer, correndo, corredores em silêncio
Perder as paredes aparentes do edifício
Penetrar no labirinto
O labirinto de labirintos
Dentro do apartamento
[...]
Mas eu prefiro abrir as janelas
Pra que entrem todos os insetos

Esperando na janela
Targino Gondim • Manuca Almeida • Raimundo do Acordeon
Por isso eu vou na casa dela ai
Falar do meu amor pra ela vai
Tá me esperando na janela ai ai
Não sei se vou me segurar...

sexta-feira, 18 de junho de 2010

O amor, sempre, o amor



Nossa única defesa contra a morte é o amor
José Saramago


Como descobre Saramago...
O folhetim de Pilar del Rio, In Público, 17 de Outubro de 1998

Por acaso, claro.
Ela que se lembra de "estar a par de todas as novidades literárias" nunca tinha ouvido falar de José Saramago até uma certa tarde de 1986, em que foi com umas amigas a uma livraria: "Vi um livro chamado O Memorial do Convento, e achei curioso o título. Li uma página, li o arranque, comprei, fui para casa e devorei-o".

Regressou à livraria de Sevilha e comprou todos os Saramagos traduzidos: "Quando acabei de ler O Ano da Morte de Ricardo Reis foi uma comoção muito forte e decidi fazer o que não tinha feito nunca, senti a necessidade de seguir aquele itinerário lisboeta, senti que tinha a obrigação moral de dizer a José Saramago o que tinha experimentado com a obra. Um autor só acaba a sua obra quando o livro é lido e entendido. E eu queria dizer-lhe: completou-se o ciclo, li-o e entendi-o então, vim com o meu livro e com O Livro do Desassossego do Pessoa". Aterrou na portela com o número de telefone de Saramago no bolso.

...os dois se encontram...

estamos portanto em 1986, numa altura em que o romancista Saramago ainda está suficientemente disponível para ser ele a ir ter com a jornalista espanhola que lhe telefonou, entusiasmada. Aí vai ele a caminho do hotel Mundial, imprevidente, sem saber o que pode resultar de "tomar um café". Com Pilar: "Eu estava no quarto, desci, saí do elevador e vi um senhor alto... não sei porquê tinha imaginado um homem baixo...apertámos as mãos, apanhámos um taxi, fomos ao cemitério dos Prazeres, ao túmulo de Pessoa, lemos um fragmento de Pessoa, voltámos ao hotel num táxi e despedimo-nos à porta, com um aperto de mãos".

Não foi apenas isto, foi também o encontro entre dos marxistas convictos: "Falámos de política, do que se passava na Europa, e demo-nos conta de que estávamos no mesmo sítio, que os dois éramos marxistas, os dois éramos comunistas e aos dois nos interessava literatura". Pilar Del Rio lembra-se de ter regressado a casa "com uma estranha paz".

...se casam...

na manhã seguinte Saramago telefonou-lhe para o hotel, a pedir-lhe a morada. "Eu regressei a Sevilha, ele enviou-me alguns livros... clássicos portugueses, enviei-lhe algumas críticas... eu não sabia nada da sua vida, nem ele da minha, porque não tínhamos falado das nossas vidinhas... e então, um dia, ele escreveu-me uma carta a dizer que, se as circunstâncias da minha vida o permitissem, iria visitar-me. E as circunstâncias da minha vida permitiam-no."

Um ano depois estavam juntos, no ano seguinte casaram, em Lisboa. "Não tive dúvida nenhuma em vir viver para Lisboa. Não tive nenhum problema de adaptação, quando vim para cá, vim para minha casa."

terça-feira, 15 de junho de 2010

Vestir uma camisa e sair por ai...


Fio maravilha
Jorge Ben Jor
E novamente ele chegou com inspiração
Com muito amor, com emoção, com explosão em gol
Sacudindo a torcida aos 33 minutos do segundo tempo
Depois de fazer uma jogada celestial em gol
Foi um gol de classe
Onde ele mostrou sua malícia e sua raça
Foi um gol de anjo, um verdadeiro gol de placa
E a galera agradecida, se encantava
Foi um gol de anjo, um verdadeiro gol de placa
E a galera agradecida, assim cantava
Filho maravilha nós gostamos de você
Filho maravilha faz mais um pra gente vê

Partida de futebol
Skank
Bola na trave não altera o placar
Bola na área sem ninguém pra cabecear
Bola na rede pra fazer um gol
Quem não sonhou ser um jogador de futebol?
A bandeira no estádio é um estandarte
A flâmula pendurada na parede do quarto
O distintivo na camisa do uniforme
Que coisa linda, é uma partida de futebol

O Futebol
Chico Buarque
Para estufar esse filó
Como eu sonhei

Se eu fosse o Rei
Para tirar efeito igual
Ao jogador
Qual
Compositor
Para aplicar uma firula exata
Que pintor
Para emplacar em que pinacoteca, nega
Pintura mais fundamental
Que um chute a gol
Com precisão
De flecha e folha seca

Jogo de futebol
Cazuza
Homens lindos. Pernas fortes. Amor.
Eu amo o football
Um bando de gente correndo atrás
De uma bola, branca

Umbabarauma
Jorge Ben Jor
Umbabarauma, homem gol
Umbabarauma, homem gol
Umbabarauma, homem gol
Umbabarauma, homem gol

sábado, 12 de junho de 2010

Lindo de se ler

Biblioteca, pintura de Vieira da Silva, 1949

“Começar a ler foi para mim como entrar num bosque pela primeira vez e encontrar-me, de repente, com todas as árvores, todas as flores, todos os pássaros. Quando fazes isso, o que te deslumbra é o conjunto. Não dizes: gosto desta árvore mais que das outras. Não, cada livro em que entrava, tomava-o como algo único”.
José Saramago

y para los enamorados...

Fogo e Paixão
Rose • Wando
Você é luz
É raio estrela e luar
Manhã de sol
Meu iaiá, meu ioiô
Você é “sim”
E nunca meu “não”
Quando tão louca
Me beija na boca
Me ama no chão...

Burbujas de amor
Juan Luis Guerra
Quisiera ser un pez
Para tocar mi nariz en tu pecera
Y hacer burbujas de amor
Por donde quiera
¡oh! pasar la noche en vela
Mojado en ti.
Un pez
Para bordar de corales tu cintura
Y hacer siluetas de amor
Bajo la luna
¡oh! saciar esta locura
Mojado en ti

You Are the sunshine of my life
Stevie Wonder
You are the sunshine of my life
That’s why I’ll always be around,
You are the apple of my eye,
Forever you’ll stay in my heart

quinta-feira, 10 de junho de 2010

Vitória desnuda


Pronto, agora tá ficando divertido! A coqueluche do momento é dizer que vai atirar as roupas ao vento e correr pro abraço se a seleção do coração ganhar a copa do mundo.
Começou com Maradona, hoje foi a vez da chilena Claudia Conserva (sim, esse é o nome da loira apresentadora) declarar que fará o mesmo se o seu país vencer. To na maior curiosidade pra saber quem serão os candidatos “peladões” brasileiros: Galvão Bueno, Faustão, Hebe Camargo... cruzes!!!

quarta-feira, 9 de junho de 2010

Ver para crer, ou frear para orar

Se alguém me contasse eu não acreditaria, mas vi com meus próprios olhos. Em plena av. Domingos de Moraes na Vila Mariana, em São Paulo, a Igreja Universal inaugurou um templo imenso com um novo sistema de acolhida para seu rebanho, é drive thru de oração. Os fiéis encostam o carro, abrem seu coraçãozinho para o pastor e recebem uma oração.
Nunca foi tão fácil garantir a entrada no reino de deus (em minúscula mesmo), afinal quem oferece esse serviço é o bispo Edir Macedo, que não tem fita no cabelo mas está cheio de dinheiro na caixinha!

Filologando

Adoro a palavra desimpaciência, ela é o avesso, do avesso, do avesso.

terça-feira, 8 de junho de 2010

As cidades visíveis


Tapioca de Olinda
Moraes Moreira
Ó linda situação
Por uma cidadela
Mais um frevo-canção
Eu vou cantar pra ela
É linda no verão
E no inverno é bela
Em qualquer estação
Eu vou cantar pra ela

Equatorial
Calé Alencar • Fausto Nilo
E Fortaleza é um mar
Cidade litoral
Só pra te ver hoje à tarde
Equatorial
Vento e Varal
Eu e você

Cajuína
Caetano Veloso
Existirmos a que será que se destina
Pois quando tu me deste a rosa pequenina
Vi que és um homem lindo e que se acaso a sina
Do menino infeliz não se nos ilumina
Tão pouco turva-se a lágrima nordestina
Apenas a matéria viva era tão fina
E éramos olharmo-nos intacta retina
A cajuína cristalina em Teresina

Quero ir à Cuba
Caetano Veloso
Mamãe eu quero ir a Cuba
quero ver a vida lá
La sueño una perla incendida
sobre la mar
Mamãe eu quero amar
a ilha de xangô e de Yemanjá
Yorubá igual a Bahia

Maracangalha
Dorival Caymmi
Eu vou prá Maracangalha
Eu vou!
Eu vou de chapéu de palha
Eu vou!

Rio 40 Graus
Fernanda Abreu
O Rio é uma cidade
De cidades misturadas
O Rio é uma cidade
De cidades camufladas
Com governos misturados
Camuflados, paralelos
Sorrateiros
Ocultando comandos...

A mesma praça, o mesmo banco...



Homenagem aos comediantes Viana Junior (falecido ontem) e Rony Rios (1936-2001) - respectivamente o Apolônio e a Velha Surda da praça da alegria, nesse vídeo ao lado de Roberto Carlos e Miele em 1977.

domingo, 6 de junho de 2010

Virgula, ponto!






















Campanha dos 100 anos da ABI -
Associação Brasileira de Imprensa

Vírgula pode ser uma pausa... ou não.
Não, espere.
Não espere.

Ela pode sumir com seu dinheiro
23,4.
2,34.

Pode criar heróis
Isso só, ele resolve.
Isso só ele resolve.

Ela pode ser a solução
Vamos perder, nada foi resolvido.
Vamos perder nada, foi resolvido.

A vírgula muda uma opinião
Não queremos saber.
Não, queremos saber.

A vírgula pode condenar ou salvar
Não tenha clemência!
Não, tenha clemência!

Uma vírgula muda tudo.
ABI: 100 anos lutando para que ninguém mude uma vírgula da sua informação.

sábado, 5 de junho de 2010

Caras a cores

Joan Miró

Karell Appel

Wassily Kandisnky

Paul Klee

Henri Matisse

Marc Chagall

Salvador Dali

Pablo Picasso

Gustave Klimt

Georges Braque

terça-feira, 1 de junho de 2010

Ponto reflexivo

Uma linha é a trilha deixada pelo ponto em movimento...
Ela é criada pelo movimento - mais especificamente, pela destruição do repouso, intenso e ensimesmado, do ponto.
Wassily Kandinsky