quinta-feira, 4 de novembro de 2010

Sobre mesa

Hora do almoço
Belchior
No centro da sala,
diante da mesa,
no fundo do prato,
comida e tristeza.
A gente se olha,
se toca e se cala
E se desentende
no instante em que fala.
Cada um guarda mais o seu segredo,
sua mão fechada
sua boca aberta
seu peito deserto,
sua mão parada,
lacrada,
selada,
molhada de medo.
Pai na cabeceira: É hora do almoço.
Minha mãe me chama: É hora do almoço.
Minha irmã mais nova, negra cabeleira...
Minha avó me chama: É hora do almoço.
... E eu inda sou bem moço
pra tanta tristeza.
Deixemos de coisas,
cuidemos da vida,
senão chega a morte
ou coisa parecida,
e nos arrasta moço
sem ter visto a vida
ou coisa parecida aparecida

Naquela mesa
Sérgio Bittencourt
Naquela mesa ele sentava sempre
E me dizia sempre o que é viver melhor
Naquela mesa ele contava histórias
Que hoje na memória eu guardo e sei de cor
Naquela mesa ele juntava gente
E contava contente o que fez de manhã
E nos seus olhos era tanto brilho
Que mais que seu filho
Eu fiquei seu fã
Eu não sabia que doía tanto
Uma mesa num canto, uma casa e um jardim
Se eu soubesse o quanto dói a vida
Essa dor tão doída, não doía assim
Agora resta uma mesa na sala
E hoje ninguém mais fala do seu bandolim
Naquela mesa ta faltando ele
E a saudade dele ta doendo em mim
Naquela mesa ta faltando ele
E a saudade dele ta doendo em mim

Garçom
Reginaldo Rossi
Garçom! Aqui!
Nessa mesa de bar
Você já cansou de escutar
Centenas de casos de amor...
Garçom!
No bar todo mundo é igual
Meu caso é mais um, é banal
Mas preste atenção por favor...

Retrato marrom
Rodger Rogério • Fausto Nilo
Ai meu coração sem natureza
Vê se estanca essa tristeza que ilumina o escuro lar
O nosso amor é um escuro lar
Suspiro azul das bocas presas
O medo em minha mão que faz tremer a tua mão
Transpassa o coração, joga fumaça em meu pulmão
Silente esquina no Brasil
Nos verdes mares, calma lama, num desespero sem canção
Guarda o teu olhar de ave presa
Na toalha de uma mesa
Sem mirar a luz do sol, não há calor na luz do sol
O fim da festa é uma certeza
Te vejo em minha vida como um retrato marrom
São lembranças perdidas de um passado, e tudo bom
Brilha um punhal em teu olhar
Sinto o veneno do teu beijo
Era moderno o meu batom, batom, batom, batom ...

Matança
Xangai • Jatobá
Cipó caboclo tá subindo na virola
Chegou a hora do pinheiro balançar
Sentir o cheiro do mato da imburana
Descansar morrer de sono na sombra da barriguda
De nada vale tanto esforço do meu canto
Pra nosso espanto tanta mata haja vão matar
Tal mata Atlântica e a próxima Amazônica
Arvoredos seculares impossível replantar
Que triste sina teve cedro nosso primo
Desde de menino que eu nem gosto de falar
Depois de tanto sofrimento seu destino
Virou tamborete mesa cadeira balcão de bar
Quem por acaso ouviu falar da sucupira
Parece até mentira que o jacarandá
Antes de virar poltrona porta armário
Mora no dicionário vida eterna milenar

Nada de novo
Paulinho da Viola
Papéis sem conta
Sobre a minha mesa
O vento espalha as cinzas que deixei
Em forma de poemas antigos
Relidos
Perdido enfim confesso
Até chorei
Nada mais importa
Você passou
Meu samba sem razão
Se acabou
Um sonho foi desfeito
Alguma coisa diz
Preciso abandonar
Os versos que já fiz

6 comentários:

  1. Asa Partida
    Fagner
    Essa saudade
    O cigarro, a luz acesa
    E a noite posta sobre a MESA
    Em cada canto da casa
    Asa partida e dor
    Gemido morto, amor
    Tão longe vai, tão longe vou
    Nuvem sem rumo é assim mesmo
    Eu não queria
    A vida desse jeito
    Meu olho armando um bote sem futuro
    Fumaça

    ResponderExcluir
  2. Mal Necessário
    Ney Matogrosso
    Composição: Mauro Kwitko

    Sou um homem, sou um bicho, sou uma mulher
    Sou a MESA e as cadeiras deste cabaré
    Sou o seu amor profundo, sou o seu lugar no mundo
    Sou a febre que lhe queima mas você não deixa
    Sou a sua voz que grita mas você não aceita
    O ouvido que lhe escuta quando as vozes se ocultam
    Nos bares, nas camas, nos lares, na lama.
    Sou o novo, sou o antigo, sou o que não tem tempo
    O que sempre esteve vivo, mas nem sempre atento
    O que nunca lhe fez falta, o que lhe atormenta e mata
    Sou o certo, sou o errado, sou o que divide
    O que não tem duas partes, na verdade existe
    Oferece a outra face, mas não esquece o que lhe fazem
    Nos bares, na lama, nos lares, na cama.
    Sou o novo, sou o antigo, sou o que não tem tempo
    O que sempre esteve vivo
    Sou o certo, sou o errado, sou o que divide
    O que não tem duas partes, na verdade existe
    Mas não esquece o que lhe fazem
    Nos bares, na lama, nos lares, na lama
    Na lama, na cama, na cama

    ResponderExcluir
  3. Toalha de Mesa
    Noite Ilustrada
    Composição: Carminha Mascarenhas / Dora Lopes

    Jurei não amar ninguém
    Mas você veio chegando e eu fui chegando também
    Daí seu olhar no mue olhar
    Depois sua mão na minha mão
    Na toalha de MESA de um bar
    Você desenhou um coração
    Quem ama fica cego e nada vê
    Escuta mil verdades mas não crê
    vê na pessao amada
    A imagem pura da bondade
    Embora seja a imagem da maldade
    Eu vi mil qualidades em você
    Mas hoje felizmente sei porquq
    É que eu estava cego
    Estava sim não nego
    Cego de amores por você!

    ResponderExcluir
  4. Pra não morrer de tristeza
    Núbia Lafayette
    Composição: João Silva / Caboclinho

    Mulher, deixaste tua moradia
    Pra viver de boemia
    E beber nos cabarés
    E eu, pra não morrer de tristeza
    Me sento na mesma MESA
    Mesmo sabendo quem és
    Hoje, nós vivemos de bebida
    Sem consolo, sem guarita
    Num mundo enganador
    Quem era eu, quem eras tu, quem somos agora
    Companheiros de outrora
    Inimigos no amor.

    ResponderExcluir
  5. Se Meu Amor Não Chegar
    Falcão
    Composição: (Wilson Nascimento
    Eu hoje quebro essa MESA
    Se meu amor não chegar
    Também não pago a despesa
    Não saio desse lugar
    Tem tanta mulher me olhando
    Querendo me conquistar
    Acabo desesperado
    Se meu amor não chegar

    Pra que dois copos na mesa
    Com uma cadeira vazia
    E eu aqui na incerteza
    Vendo amanhecer o dia
    Não posso mais eu confesso
    Confesso que vou chorar
    Eu hoje quebro essa mesa
    Se meu amor não chegar

    ResponderExcluir