segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

Só no sapatinho

Cantando no toró
Chico Buarque
Sambando na lama de sapato branco, glorioso
Um grande artista tem que dar o tom
Quase rodando, caindo de boca
A voz é rouca mas o mote é bom
Sambando na lama e causando frisson
Mas olha só
Um samba de cócoras em terra de sapo
Sapateando no toró
Cantando e sambando na lama de sapato branco; glorioso
Um grande artista tem que dar lição
Quase rodando, caindo de boca
Mas com um pouco de imaginação
Sambando na lama sem tocar o chão
[...]

Lacinhos cor de rosa
Celly Campello
Um sapatinho eu vou
Um laço cor de rosa enfeitar
E perto dele eu vou
Andar devagarinho e o broto conquistar
Quando ele dança rock é uma sensacão
Faz rápido dançar o meu coração
Seu beijo deve ter a delícia do amor
E ele não me beija que horror
Um sapatinho eu vou
Um laço cor de rosa enfeitar
E perto dele eu vou
Andar devagarinho e o broto conquistar
Um dia resolvi,e ao broto fui falar
O que ele me disse deu vontade de chorar:
“Lacinhos cor de rosa ficam bem só na cabeça
Se quiser me conquistar você cresça e apareça”
Um sapatinho eu vou
Um laço cor de rosa enfeitar
E perto dele eu vou
Andar devagarinho e o broto conquistar

Me diga
Nando Reis
Se eu acordo preocupado com as
Providências como uma conta no banco
Que eu não tenho dinheiro pra pagar
Isso me aflige e atrapalha
Faz com que eu não me de conta
De outras coisas
Que eu deveria cuidar
Então me diga
Se você ainda gosta de mim
Porque de você eu gosto
Isso não deve ser assim
Tão ruim
Dos meus filhos eu sinto saudade
Eu tenho medo que eles achem que
Eu não sinto a falta deles
Como eu acho que eles sentem de mim
Pego o meu carro pelo asfalto
Uso um sapato da mesma maneira
Por influência do meu pai
Então me diga
Se você ainda gosta de mim
Porque de você eu gosto
Isso não deve ser assim
Tão ruim
Há quanto tempo eu conheço você
Oh, quanto tempo eu ainda vou precisar
E eu dependo do que eu não entendo
Eu pretendo apenas
Que você saiba que isso é meu amor

Sapato velho

Roupa Nova • Mu • Claudio Nucci • Paulinho Tapajós
Você lembra, lembra!
Daquele tempo
Eu tinha estrelas nos olhos
Um jeito de herói
Era mais forte e veloz
Que qualquer mocinho
De cowboy...
Você lembra, lembra!
Eu costumava andar
Bem mais de mil léguas
Prá poder buscar
Flores-de-maio azuis
E os seus cabelos enfeitar...
Água da fonte
Cansei de beber
Prá não envelhecer
Como quisesse
Roubar da manhã
Um lindo pôr-de-sol
Hoje não colho mais
[...]
É! Talvez eu seja
Simplesmente
Como um sapato velho
Mas ainda sirvo
Se você quiser
Basta você me calçar
Que eu aqueço o frio
Dos seus pés...
Talvez eu seja
Simplesmente
Como um sapato velho
Mas ainda sirvo
Se você quiser
Basta você me calçar
Que eu aqueço o frio
Dos seus pés...

Desatando nó
Juraildes da Cruz
Nasceu com a mãe na zona
E o pai no xilindró
Aquele menino viveu desatando nó
Quando ele nasceu
Não disseram que era assim
A lei do mais esperto
Cada um pra si
E ter que dar seu voto
A quem não sabe dividir
Trabalhar feito doido
E o salário daqui
Não dá pra criar
Os cinco barrigudim
Vive dando murro em prego
Pra ser um homem de fato
Se emprestam não lhe pagam
Vive pagando o pato
Tá cheio de malandro
É um ninho de rato
Os mais bobo troca meia
Sem tirar o sapato
Cochilou cachimbo cai
Escorregou fica de quatro
É um cabaré de cego
Dentro de um balaio de gato
Nasceu com a mãe na zona...
Tem que ter cara e coragem
Pra tentar ganhar no grito
Tem gente vendendo a mãe
Tem gente ficando rico
Será o Mercosul
Ou será o benedito?
Quanto mais a moda é feia
Mais o povo acha bonito
Escutador de novela
Promovido a pinico
Os desonesto dentro
E os honesto de fora
Quem trafica enrica
E o justo na tora
No capitalismo
Quem tem água nos olhos
Quando vai no enterro
Se não lhe pagar não chora
Chora se não tiver
Dinheiro vivo em dólar
Chora pra quem morreu
Se lhe pagarem na hora
Olha o cidadão no mundo
No mundo ninguém tá só
Vida de quem tá no mundo
É viver desatando nó
Olhe o nó na madeira
A mentira é um nó
Quem dá nó em goteira
Amarra a sombra com cipó

Só na Sandalinha...

Sandália de prata
Ary Barroso
Isto aqui ô ô
É um pouquinho de Brasil, Iaiá
Deste Brasil que canta e é feliz
Feliz, feliz
É também um pouco de uma raça
Que não tem medo de fumaça ai, ai
E não se entrega não
Olha o jeito nas cadeiras que ela sabe dar
Olha só o remelexo que ela sabe dar
Olha o jeito nas cadeiras que ela sabe dar
Morena boa que me faz penar
Bota a sandália de prata
E vem pro samba sambar
Morena boa que me faz penar
Bota a sandália de prata
E vem pro samba sambar

Sandália amarela
Wilson Moreira
Eu dei a ela
Um par de sandálias
Da cor do meu chapéu de palha
É ela de saia amarela e uma blusa de filó
E eu com uma flor na lapela do meu palitó
Eu dei a ela
Um par de sandálias
Da cor do meu chapéu de palha
Mais se a vida melhorar, eu caso
E se for com ela ao altar para oficializar o nosso velho caso
E na volta eu faço um pedido pro meu orixá
Ascenda uma vela com toda cautela
Pedindo pra ela jamais me deixar
Mais se a vida melhorar, eu mudo
Vou contruir um cantinho bem arrumadinho
Com flores e tudo
Uma casa com sala e varanda e Jacarepaguá
Eu todo frajola de fraque e cartola
Tocando viola de papo pro ar

Só no Tamanquinho...

Rapaz folgado
Noel Rosa
Deixa de arrastar o teu tamanco
Pois tamanco nunca foi sandália
E tira do pescoço o lenço branco
Compra sapato e gravata
Joga fora esta navalha que te atrapalha
Com chapéu do lado deste rata
Da polícia quero que escapes
Fazendo um samba-canção
Já te dei papel e lápis
Arranja um amor e um violão
Malandro é palavra derrotista
Que só serve pra tirar
Todo o valor do sambista
Proponho ao povo civilizado
Não te chamar de malandro
E sim de rapaz folgado

Lenço no pescoço
Wilson Batista
Meu chapéu do lado
tamanco arrastando
Lenço no pescoço
Navalha no bolso
Eu passo gingando
Provoco e desafio
Eu tenho orgulho
Em ser tão vadio
Sei que eles falam
Deste meu proceder
Eu vejo quem trabalha
Andar no miserê
Eu sou vadio
Porque tive inclinação
Eu me lembro, era criança
Tirava samba-canção
Comigo não
Eu quero ver quem tem razão
E eles tocam
E você canta
E eu não dou

*Com a preciosa colaboracão de Marcio Acselrad

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